A voz metálica te coisifica
transforma carência em melodia eletrônica, programada até a próxima estação
o clima tempo escolhe seu figurino
ilusão
o clima anda mais instável que o horário da lotação
quer sair?
baixa o app
finja profundidade
transforme desejos em superficialidade
tá com fome?
se move
não, não pode
to esperando aquela mensagem
confirmando companhia pra passear na cidade
indigestão?
nem teve digestão, como vai ter reboliço?
coração?
remo na contra mão
quero me envolver não!
solidão?
afogo meus olhos em um prato de amor frio
companhia?
OK google
reciprocidade?
pra que falar de rótulo nessa idade?
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
o relógio marca seis horas
o sol ameno presenteia a floresta com seus raios de despedida
quadrados de vidro refletem a poeira da explosão
sobe as escadas
com passos leves
diz boa tarde com sotaque breve
quase oito anos
anseio, desejo por seu cumpleaños
quer jogar naruto
apertar as teclas com seus dedos miúdos
não nievez, ainda não
é novembro
seu aniversário é dezembro
já chega o verão
junto ao seu sorriso
expressivo esboçam covinhas, alegria tímida, breve
olhos arredondados
encorajada por Rubi, seu amuleto de sorte
dividem a alegria
do prato de comida
singelo
para esquecer
o desejo
do chocolate inteiro
o sol ameno presenteia a floresta com seus raios de despedida
quadrados de vidro refletem a poeira da explosão
sobe as escadas
com passos leves
diz boa tarde com sotaque breve
quase oito anos
anseio, desejo por seu cumpleaños
quer jogar naruto
apertar as teclas com seus dedos miúdos
não nievez, ainda não
é novembro
seu aniversário é dezembro
já chega o verão
junto ao seu sorriso
expressivo esboçam covinhas, alegria tímida, breve
olhos arredondados
encorajada por Rubi, seu amuleto de sorte
dividem a alegria
do prato de comida
singelo
para esquecer
o desejo
do chocolate inteiro
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
ausência
controlo meus impulsos de contar o meu dia
conversa furada
dizer que quando piso meu pé dói
que o caminho do ônibus é pacato
das segundas em que tenho vontade de tomar uma cerveja
sem pretensão
controlo meus devaneios de planificar as horas
e ofertar algumas a você
queria dizer sobre os dias de verão em Buenos Aires
dos dias frios
regado a um bom vinho
frases recheadas de poesia
café fumegante
na varanda
meu olho mais claro na luz e escuro no outono
te contar que às vezes lembro do primeiro beijo
despretensioso
eu não planejei
não te esperava
nem sequer te olhava
desafio pacato
mistério
intocável
ofertei as linhas
os dias
as horas
a fumaça
decisão tomada sem consulta prévia
mal sabe que a minha altura está a escuta e a presença mesmo que breve
conversa furada
dizer que quando piso meu pé dói
que o caminho do ônibus é pacato
das segundas em que tenho vontade de tomar uma cerveja
sem pretensão
controlo meus devaneios de planificar as horas
e ofertar algumas a você
queria dizer sobre os dias de verão em Buenos Aires
dos dias frios
regado a um bom vinho
frases recheadas de poesia
café fumegante
na varanda
meu olho mais claro na luz e escuro no outono
te contar que às vezes lembro do primeiro beijo
despretensioso
eu não planejei
não te esperava
nem sequer te olhava
desafio pacato
mistério
intocável
ofertei as linhas
os dias
as horas
a fumaça
decisão tomada sem consulta prévia
mal sabe que a minha altura está a escuta e a presença mesmo que breve
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
agora é quando?
quando seu olhar pareça um domingo de sol
e sua pele tão fresca quanto o primeiro café da manhã
seus movimentos tão leves quanto as ondas de um mar calmo
suas mãos tão firmes quanto o nó da rede na varanda
seu desejo de viver sincronizado ao sol
seu cabelo brilhante como as estrelas cadentes
você não vai estar
eu não vou estar
você sim, talvez
no renascer das cinzas estarei eu soprando os ventos que movimentam
ofertando novos momentos aos amantes intocáveis
amor a vida e não as breves novidades
e sua pele tão fresca quanto o primeiro café da manhã
seus movimentos tão leves quanto as ondas de um mar calmo
suas mãos tão firmes quanto o nó da rede na varanda
seu desejo de viver sincronizado ao sol
seu cabelo brilhante como as estrelas cadentes
você não vai estar
eu não vou estar
você sim, talvez
no renascer das cinzas estarei eu soprando os ventos que movimentam
ofertando novos momentos aos amantes intocáveis
amor a vida e não as breves novidades
sábado, 14 de outubro de 2017
tempo
ainda que a fuga seja presente
seus olhos esboçavam verdades
se colocar em outros mares
tombar a onda da reciprocidade
fracasso, semblante cansado
esperando por dias estáveis
não crê em sorte
apenas sobressai a diferentes obstáculos
sozinho, ausente
não expressa sua vontade de flutuar para permitir outros planetas secretos
estrelas cadentes alegram os dias que parecem breve desgraça
sentir-se vivo é tarefa árdua
por isso você não chegou
porque nem entendeu
como é estar ou permanecer
é noite
confusão aparente
sete dias
sete mares
sete cores
sete paisagens
seus olhos esboçavam verdades
se colocar em outros mares
tombar a onda da reciprocidade
fracasso, semblante cansado
esperando por dias estáveis
não crê em sorte
apenas sobressai a diferentes obstáculos
sozinho, ausente
não expressa sua vontade de flutuar para permitir outros planetas secretos
estrelas cadentes alegram os dias que parecem breve desgraça
sentir-se vivo é tarefa árdua
por isso você não chegou
porque nem entendeu
como é estar ou permanecer
é noite
confusão aparente
sete dias
sete mares
sete cores
sete paisagens
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
chegada ou partida?
você chegou
eu não te esperava
sua aparição foi como gota
caída no orvalho
silenciosamente você invadiu meu coração
chama, fogo, labareda
significativa
como não te esperava
você também pode ir
da maneira sutil
planificando a estratégia de não olhar romanticamente aquela esquina, apenas olhar como asfalto cinza
por não te esperar é que talvez deva voltar ao estado natural
o pouso livre só é permitido sem espera
ou talvez seja mera suposição poética.
eu não te esperava
sua aparição foi como gota
caída no orvalho
silenciosamente você invadiu meu coração
chama, fogo, labareda
significativa
como não te esperava
você também pode ir
da maneira sutil
planificando a estratégia de não olhar romanticamente aquela esquina, apenas olhar como asfalto cinza
por não te esperar é que talvez deva voltar ao estado natural
o pouso livre só é permitido sem espera
ou talvez seja mera suposição poética.
terça-feira, 3 de outubro de 2017
afinal, o que era?
a espreita do meu coração, posição cômoda
desejo de me transpassar limitado pelo meu olhar
a oferta da mágoa nítida em meu semblante
não habitual
fortaleza não é apenas ancorar o barco
a madeira desgasta com a densidade das palavras
ou a ausência
ou a procura
a caça causa explosões sensoriais
cometas criados no expresso do amor moderno líquido
desfeito sem palavras,
apenas uma mancha no lençol
pinto a mágoa com as cores do arco íris
a chuva transforma as gotas em vapor
levando a água para o curso natural dos rios
desaguando no mar
a escutar
a plenitude das ondas beirando o cais
desarmar-se em um ato de coragem
desejo de me transpassar limitado pelo meu olhar
a oferta da mágoa nítida em meu semblante
não habitual
fortaleza não é apenas ancorar o barco
a madeira desgasta com a densidade das palavras
ou a ausência
ou a procura
a caça causa explosões sensoriais
cometas criados no expresso do amor moderno líquido
desfeito sem palavras,
apenas uma mancha no lençol
pinto a mágoa com as cores do arco íris
a chuva transforma as gotas em vapor
levando a água para o curso natural dos rios
desaguando no mar
a escutar
a plenitude das ondas beirando o cais
desarmar-se em um ato de coragem
ou permanecer
e compreender
a impermanência
névoa
unidade cabeça e coração
me diz não
imaginário me diz sim
em sincronia ao invisível
visível?
manchas de mágoa
olvidadas
nas batidas aceleradas do coração
no intervalo da passagem das horas
te esperei
por dias novos, serenos, amenos
retratados na simplicidade dos galhos
neblina de dúvidas criada por suposições duais
objetos traen recuerdos
não mágicos
memórias, sorrisos, sentidos
la lucha de la memória contra el olvido
quizás en la niebla, rasteira, fechada las montañas sean superficiales
cuanto a los ideales
de sentir el intento de negar el amor
para adecuarse.
sábado, 30 de setembro de 2017
{...}
Acordou como gostava – seu cabelo parecia ter visitado um
vilarejo em sonho. Nesse sonho algumas folhas da macieira vieram nos fios. Queria
ter cabelos grisalhos, mas sabia que quando desejava algo quase como obsessão não
acontecia.
Levantou de golpe tinha consciência que os cinco minutos se
transformariam em mais meia hora de sono. Seu reflexo no espelho abriu a
caixinha da memória, vontade de mandar uma mensagem:
-Eu acordei tão linda hoje, você tinha que ver!
Sabia que não deveria, ou melhor, poderia, mas a
resposta seria superficial, assim como o trato de seus sentimentos.
A narrativa criada tinha muitos personagens, todos imaginários.
O detalhe a encantava. Seu desejo de preencher o vazio com
detalhes era frequente.
Seus olhos em dias iluminados eram mais claros e em dias com
menos luz, escuros. Um clichê bonito. Uma mescla de olhos cor de mel com loba
solitária.
Uma parte do seu rosto era assimétrica e mais envelhecida. Já
colecionava tantas decepções que sua aparente insatisfação com a humanidade não
disfarçava nem com base.
Poemas, escritos, cigarros terminados, garrafas vazias,
rosas multicores, livros, xícaras, copos, talheres gastos – cenas cotidianas.
Estrada petrificada. Sua voz já não saia tão bem, tanta
fumaça corrompeu suas cordas vocais. Tudo bem afinal, todos estão quase no fim.
Insatisfação com a humanidade, constante pensamento que
invadia seus dias.
A narrativa que criou a perturbava porque parte
dela talvez fosse verdade, mas preferia não confiar. Era mar tempestuoso, mas
firme quase contraditório quanto a lentidão veloz dos seus sentimentos.
Sufocante.
Era isso que sentia em quase todas as situações. Sufoco. Obrigação
social e angústia.
Suas justificativas e desculpas eram nulas, ouvia tudo com atenção
e quando era o momento de responder, apenas concordava, pois acreditava estar à
espreita da loucura.
Músicas românticas, sofrência e fumaça são suas companheiras
inseparáveis.
Observava atentamente o comportamento masculino, a relação de
poder e até quando desafiava o brio de alguns machos. Se divertia, mas também doía.
Estava cansada e doente. Não sabia ao certo o que tinha, mas
sabia que era algo.
Mesmo que em outras vias disseram sua saúde ser forte. Sabia
que em algum momento descobriria algo fatal. Era como consolo. Só queria morrer
em um dia breve, azul e na América do Sul.
Estava cansada de esperar que alguém reparasse em seus
detalhes, naquele vestido de flores que faltava alguns galhos, no seu sapato
descolando a sola, no cabelo penteado para o lado direito (era sempre o esquerdo),
a cor nova dos seus aros (gostava de carregar muitas argolas em sua face –
desenhos circulares). Sua comida preferida, seu vinho Carmènére, seu desejo por
andar nas ruas de Buenos Aires escutando a boemia dos ventos. O desejo de
abraçar o mundo inteiro.
Era companhia que ela queria.
Companhia apenas.
De tanto desaguar.
Quis virar rio e ir pro mar.
terça-feira, 26 de setembro de 2017
hábito
talvez os devaneios das situações singulares pertençam ao cosmos.
há momentos que não tem explicação
ou simplesmente o controle está fora do alcance
de transformar o peso em leveza
da tristeza em alegria
há sempre um caminho do bem a seguir
com palavras árduas
dedicação e disciplina
se pode alcançar o topo da colina
devaneios
anseios
e desejos
são meras distrações oníricas
proibidas
devido ao tempo
exato momento
em que não se pode propor a firmeza dos ventos
há momentos que não tem explicação
ou simplesmente o controle está fora do alcance
de transformar o peso em leveza
da tristeza em alegria
há sempre um caminho do bem a seguir
com palavras árduas
dedicação e disciplina
se pode alcançar o topo da colina
devaneios
anseios
e desejos
são meras distrações oníricas
proibidas
devido ao tempo
exato momento
em que não se pode propor a firmeza dos ventos
domingo, 24 de setembro de 2017
mundo imaginário
Criei um mundo a partir de narrativas
Vividas por mim, apenas
Ofertando meu barco a mares incertos
Deserto de afeto
Reciprocidade nula
Criei um mundo a partir de cheiros
Sensações, vontades e reciprocidade
nesse mundo, as pessoas são sinceras
prezam pelo correr tranquilo das águas
naturalmente os anseios são encontrados
divididos e estruturados
num laço de respeito
e sensibilidade
criei um mundo a partir do toque de sentir sua pele
esse mundo não existe aparentemente
apenas ventos que sopram o imaginário
terça-feira, 19 de setembro de 2017
furaconeando
é dia, céu ensolarado
desejo transpassado
aurora
anseio pelo pôr do sol
vermelho
desejo de abraçar o mundo inteiro
não! é dia meio nublado
café frio
amor meia boca
sexo não gozado
é dia, céu quase estrelado na noite do imaginário
é sol que esquenta as labaredas de concreto
tudo porque lhe foi negado o afeto.
desejo transpassado
aurora
anseio pelo pôr do sol
vermelho
desejo de abraçar o mundo inteiro
não! é dia meio nublado
café frio
amor meia boca
sexo não gozado
é dia, céu quase estrelado na noite do imaginário
é sol que esquenta as labaredas de concreto
tudo porque lhe foi negado o afeto.
sábado, 2 de setembro de 2017
dourado hábito inesperado
Quatro garrafas estupidamente geladas, se pego em seu corpo, explodem.
Seria sensibilidade ou apenas física?
Amendoim com casquinha.
Cumbucas vermelhas.
Copos americanos.
Um cinzeiro.
Alguns cigarros apagados.
Cheiro de podre – seria interior ou apenas impressão?
Jab direto, jab cruzado.
Pensamento a milhão.
Decisão.
Lua em capricórnio.
Astrologia mercantilizada ou sentido para o apego?
Agarro meu copo.
Acendo outro cigarro.
Mudamos a linguagem – exercício continuo de deslocar-se.
Não é possível fisicamente, o imaginário é acionado.
Seus olhos sensíveis, seu corpo retrata a ansiedade.
Medo.
De não ser, de não estar. De ser rejeitado.
Espera ser notado.
Equívoco.
Ele quer ver o mar, mas precisa ir até lá.
Ele vai
Navegar.
Ou voar?
Copo americano meio rachado.
Nadir é a marca.
Compartilhamos nossos anseios, desejos.
Tudo sem combinar.
Daqueles dias espontâneos
Você sente
Que afinal
O controle só é parte
da condição de estar sempre frustrada
Apática
De interpretar o outro
Sem sequer
consultar.
(e eu continuo com saudade no dilema de desaparecer, afinal,
pra quem estou mentindo?)
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Ela esperava que um dia as flores amarelas fossem ofertadas ao seu anseio mais íntimo de sentir-se desejada, não sabia de onde vinha a necessidade de ganhar flores e negava todas suas expressões românticas.
Seus dias flutuavam como o navio no mar.
Ela nunca se apaixonou de verdade a não ser pela garrafa de vinho que a acompanhava durante décadas.
Sua frustração em relação aos seres humanos vinha desde da época em que seus pais disseram que ela não passava de uma atriz fracassada ensaiando sem estreia.
Na verdade, esse espetáculo é a própria vida que não permite ensaios, não há como saber se a decisão tomada pelo sim ou pelo não será acertada. A realidade não permite muitos ensaios.
Era domingo e o sino da Igreja próxima a sua casa já anunciava 9h da manhã.
Usualmente saía com sua bicicleta a fim de sentir o vento tocando seu rosto, logo fazia a feira e retornava à sua casa acomodar todas as compras classificadas em cores e sabores.
Seus olhos atentos a queda, o medo da vertigem desde que conhecera essa palavra.
Seu cabelo estrategicamente despenteado, sinais de expressão duvidosa e dentes um pouco amarelados esboçavam o leve charme sustentado pelo seu olhar de altivez. Há anos escutava:
-Você não sente tanto, é curta e grossa. Meia antipática.
O cansaço somado a angústia capitalista não formavam sílabas para debater a afirmação das pessoas que cruzavam seu caminho, não fazia questão de ser transpassada.
Estava um pouco cansada esse dia, apática também.
Resolveu ir à feira – o cheiro da feira remetia a memórias afetivas quase apagadas.
Morangos, abóbora cabotian, ervilha torta, uma garrafa de cachaça artesanal, mel e algumas batatas.
Os feirantes já conheciam suas compras.
Quando voltava, estrategicamente acomodava os produtos em seus devidos lugares e religiosamente tomava uma dose de cachaça servida em seu mini copo americano.
Seu ritual preferido era quando a comida começava a ferver: seus pratos prediletos eram densos e pastosos. Gostava muito de condimentar os alimentos com páprica.
Enquanto cozinhava recordou das frases clichês daquelas pessoas que a conheciam superficialmente e pensou:
-Não sinto tanto as situações porque todo meu amor é ofertado nas panelas.
Estava separada há meses, sua memória punitiva dirigia suas recordações a destruição.
Seus dias flutuavam como o navio no mar.
Ela nunca se apaixonou de verdade a não ser pela garrafa de vinho que a acompanhava durante décadas.
Sua frustração em relação aos seres humanos vinha desde da época em que seus pais disseram que ela não passava de uma atriz fracassada ensaiando sem estreia.
Na verdade, esse espetáculo é a própria vida que não permite ensaios, não há como saber se a decisão tomada pelo sim ou pelo não será acertada. A realidade não permite muitos ensaios.
Era domingo e o sino da Igreja próxima a sua casa já anunciava 9h da manhã.
Usualmente saía com sua bicicleta a fim de sentir o vento tocando seu rosto, logo fazia a feira e retornava à sua casa acomodar todas as compras classificadas em cores e sabores.
Seus olhos atentos a queda, o medo da vertigem desde que conhecera essa palavra.
Seu cabelo estrategicamente despenteado, sinais de expressão duvidosa e dentes um pouco amarelados esboçavam o leve charme sustentado pelo seu olhar de altivez. Há anos escutava:
-Você não sente tanto, é curta e grossa. Meia antipática.
O cansaço somado a angústia capitalista não formavam sílabas para debater a afirmação das pessoas que cruzavam seu caminho, não fazia questão de ser transpassada.
Estava um pouco cansada esse dia, apática também.
Resolveu ir à feira – o cheiro da feira remetia a memórias afetivas quase apagadas.
Morangos, abóbora cabotian, ervilha torta, uma garrafa de cachaça artesanal, mel e algumas batatas.
Os feirantes já conheciam suas compras.
Quando voltava, estrategicamente acomodava os produtos em seus devidos lugares e religiosamente tomava uma dose de cachaça servida em seu mini copo americano.
Seu ritual preferido era quando a comida começava a ferver: seus pratos prediletos eram densos e pastosos. Gostava muito de condimentar os alimentos com páprica.
Enquanto cozinhava recordou das frases clichês daquelas pessoas que a conheciam superficialmente e pensou:
-Não sinto tanto as situações porque todo meu amor é ofertado nas panelas.
Estava separada há meses, sua memória punitiva dirigia suas recordações a destruição.
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
nica
Abriu a janela, hoje não choveria. Alegre esperança invadia seu coração: não precisaria colocar as galochas, além de machucarem seus pés eram de plástico.
Aprendeu sobre a não chuva com ele.
Nasceu em Corrientes o que possibilitou simpatia imediata pelo meu portunhol - lembrava-se da infância, talvez uma irmã distante meio brasileira.
Sorte quando nascia o sol. As árvores expandiam sua beleza ofuscando o cheiro podre do frigorífico.
Incômodo mesmo era a umidade do ar, doía as articulações.
O trem de cor crua anunciava: a paciência será exercitada. Pelo menos sessenta minutos até a capital. Duas maneiras de aproveitar a viagem: conseguir um lugar para dormir ou estar acompanhada.
Lentidão veloz - sensação de voar impossibilitada pelo tempo e espaço.
A contradição da paisagem era tão bela quanto seus olhos. Seus olhinhos amendoados eram a porta para sua alma. Tinha muito frio, mesmo nesses dias de sorte. Me ensinou a tapar os ossinhos dos seios da face - dizia fazer bem.
Sua companheira fiel: garrafa térmica para cebar mates, sem açúcar, é claro.
A melhor torta frita eram suas mãos que forjavam.
A magia em ver seus dedos calejados pelo ofício (é florista, os calos de suas mãos são por um bom motivo) encontrando ar na massa. Seu segredo: um pouquinho de levadura.
Observava a fumaça do cigarro e revelava sua paixão por charutos cubanos.
Jardineiro, conhecimentos ancestrais e ainda que a saudade de seu filho persista (foi assassinado injustamente) seu sorriso constante é seu maior aliado.
Comíamos pizza em um bar proletário próximo ao posto de flores. Pizza com massa fina, bastante molho e queijo quase gratinado (enquanto a pizza não chegava me explicava como fazer um molho caseiro com parmesão pra pizza ficar com sabor único) - é um homem exigente, há quem o classifique como intransigente.
No intervalo de mastigar e preparar a próxima porção escutava atentamente sua visão: sempre falava de tudo com amor, simplicidade e humildade. Suas ideias póstumas incomodavam. Um senhor que muita gente subestima, mas suas leituras e experiências prezavam pelo silêncio.
Tão doce quanto as facturas não hesitava em um encontro breve, compartilhar um jugo de pomelo e abraçar sua alma com os olhos.
Sim. Seus olhos são tão significativos que a despedida deixava minha alma cheia de alegria.
Com alguns bocejos curava tua dor, dizia ser um dom. É meio bruxo. Mesclado. Uma espécie de caboclo dócil. Sentia-se meio brasileiro. Ligação breve, lembrança eterna.
Aprendeu sobre a não chuva com ele.
Nasceu em Corrientes o que possibilitou simpatia imediata pelo meu portunhol - lembrava-se da infância, talvez uma irmã distante meio brasileira.
Sorte quando nascia o sol. As árvores expandiam sua beleza ofuscando o cheiro podre do frigorífico.
Incômodo mesmo era a umidade do ar, doía as articulações.
O trem de cor crua anunciava: a paciência será exercitada. Pelo menos sessenta minutos até a capital. Duas maneiras de aproveitar a viagem: conseguir um lugar para dormir ou estar acompanhada.
Lentidão veloz - sensação de voar impossibilitada pelo tempo e espaço.
A contradição da paisagem era tão bela quanto seus olhos. Seus olhinhos amendoados eram a porta para sua alma. Tinha muito frio, mesmo nesses dias de sorte. Me ensinou a tapar os ossinhos dos seios da face - dizia fazer bem.
Sua companheira fiel: garrafa térmica para cebar mates, sem açúcar, é claro.
A melhor torta frita eram suas mãos que forjavam.
A magia em ver seus dedos calejados pelo ofício (é florista, os calos de suas mãos são por um bom motivo) encontrando ar na massa. Seu segredo: um pouquinho de levadura.
Observava a fumaça do cigarro e revelava sua paixão por charutos cubanos.
Jardineiro, conhecimentos ancestrais e ainda que a saudade de seu filho persista (foi assassinado injustamente) seu sorriso constante é seu maior aliado.
Comíamos pizza em um bar proletário próximo ao posto de flores. Pizza com massa fina, bastante molho e queijo quase gratinado (enquanto a pizza não chegava me explicava como fazer um molho caseiro com parmesão pra pizza ficar com sabor único) - é um homem exigente, há quem o classifique como intransigente.
No intervalo de mastigar e preparar a próxima porção escutava atentamente sua visão: sempre falava de tudo com amor, simplicidade e humildade. Suas ideias póstumas incomodavam. Um senhor que muita gente subestima, mas suas leituras e experiências prezavam pelo silêncio.
Tão doce quanto as facturas não hesitava em um encontro breve, compartilhar um jugo de pomelo e abraçar sua alma com os olhos.
Sim. Seus olhos são tão significativos que a despedida deixava minha alma cheia de alegria.
Com alguns bocejos curava tua dor, dizia ser um dom. É meio bruxo. Mesclado. Uma espécie de caboclo dócil. Sentia-se meio brasileiro. Ligação breve, lembrança eterna.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
trava
é dia
céu ensolarado
desejo transpassado
aurora
anseio pelo pôr do sol
vermelho
desejo de abraçar o mundo inteiro!
não! é dia meio nublado
café frio, amor meio boca
sentimento estagnado
é dia, céu quase estrelado
na noite do imaginário
é o sol
que aquece as labaredas de concreto
fingindo ser discreto.
céu ensolarado
desejo transpassado
aurora
anseio pelo pôr do sol
vermelho
desejo de abraçar o mundo inteiro!
não! é dia meio nublado
café frio, amor meio boca
sentimento estagnado
é dia, céu quase estrelado
na noite do imaginário
é o sol
que aquece as labaredas de concreto
fingindo ser discreto.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
aqui, agora
Ansiosa por natureza, unhas roídas e cutículas feridas retratavam
a pressa. Tinha dificuldade em engolir a comida, pois já pensava no próximo
gesto calculado com seu olhar de altivez.
Os sonhos tão significativos na terapia Freudiana, agora não
tinham mais sentido. Há anos buscava alguma CID para pertencer. Decidiu viver o
aqui e o agora – não havia motivos para ruminar tanto, essa coisa do silêncio
no divã causava incômodo. Desde estão, os sonhos transformaram-se em meros
devaneios do acaso.
Decidia muitas coisas chapada. Sua maior frustração era
sentir o cheiro e gosto da erva a caminho do trabalho – seu passatempo
preferido era fumar erva e escrever. Alguns dias de glória tirava a roupa
depois da fumaça virar neblina e dançava como se alguém a visse.
Uma garrafa de vinho nunca é má ideia, aliás, melhor
casamento sem possibilidades de divórcio. Amor eterno.
Beberia todos os dias, mas com cautela lembrava das palavras
do Caboclo:
-Nem tudo o que desejamos é o que necessitamos.
As palavras significavam muito, talvez mais que os sonhos.
Havia tomado a decisão de sincronizar seus atos com suas
palavras.
Abandonara a ideia de sincronizar sexo com amor.
Adormecia pensando em seus beijos. Mentira. Desde a primeira
vez que conversaram tinha curiosidade por saber qual expressão presenteava seus
traços ao despertar. Romântica alucinógena.
Odiava seus vizinhos. O canto artificial dos pássaros fodia
sua cabeça, não conseguia entender a necessidade de prender animais.
Decidida a não brigar, apenas por grandes feitos. Ignorava os
gritos, afinal no capitalismo é preciso preservar a integridade moral.
À espera do ônibus sentiu o asfalto respirar. Essa impressão
funcionava como alavanca: confundia realidade com fantasia. Mesclava situações com
vontades.
Essa noite sonhou que o amava.
Ele visitou seus sonhos porque antes do sono chegar, pensava
em seus lábios.
O sonho causou explosões.
A primeira explodia o controle de seus sentimentos.
A segunda era uma espécie de um novo conceito de amor –
sabia que o amava, mas o tempo era escasso a ambos. Estava aprendendo a dosar a
lentidão veloz.
A terceira e última pode perceber que seu sonho mesclava a
realidade, pois essa sensação já foi criada, esse sentimento tombado e seu coração
sempre assaltado em chamas descansava de sua loucura. Era um aprendizado,
questionar-se sobre o que é amar e o que é o amor.
Resignificando pensava no poeta:
O amor é um pássaro de livre pouso.
A felicidade são momentos dosados no aqui e no agora.
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
hora que não passa
Confere as horas religiosamente. A ideia que invade constantemente seus pensamentos é única: saudade de seu filho.
Notável sensibilidade em seus olhos, ar romântico de uma moça que ama sua família.
Seus dedos estão gastos. Água sanitária, desinfetante, detergente - sua vida é limpar.
Tanta limpeza a fará invisível?
Confere as horas novamente, seus olhos demonstram fadiga, mas seu olho esquerdo meio trêmulo transparece a ansiedade da jornada de trabalho que não terminou.
Ela está cansada de trocar o uniforme pela roupa gasta.
Caminha até o ponto, notável desânimo.
Dá sinal, a lotação chega. Como impulso cotidiano adentra - está cheia, alguns estão indo estudar, outros não - são infinitas possibilidades de destinos.
Desatenta, desce um ponto antes e caminha - seus pés estão calejados, doem um pouco. Seu ofício imposto pelo sistema deixa os calcanhares gastos.
Apenas chega e encontra seu bebê, seu coração inunda de alegria, seus olhos não estão mais ansiosos: agora parecem um mar calmo.
Tranquilizada pelo cheiro de sua prole, esquece da pilha de louças. Esquece que sua filha não sabe limpar direito e aceita sua ajuda sem reclamar.
Seu único desejo é estar. Ela trabalha pra manter tudo limpo para filhos e filhas - nenhum que venha de seu ventre.
Enquanto ela mantém tudo limpo, quem cuida da limpeza de seus filhos?
A saudade que aperta e une as energias mesmo com a distância física.
Notável sensibilidade em seus olhos, ar romântico de uma moça que ama sua família.
Seus dedos estão gastos. Água sanitária, desinfetante, detergente - sua vida é limpar.
Tanta limpeza a fará invisível?
Confere as horas novamente, seus olhos demonstram fadiga, mas seu olho esquerdo meio trêmulo transparece a ansiedade da jornada de trabalho que não terminou.
Ela está cansada de trocar o uniforme pela roupa gasta.
Caminha até o ponto, notável desânimo.
Dá sinal, a lotação chega. Como impulso cotidiano adentra - está cheia, alguns estão indo estudar, outros não - são infinitas possibilidades de destinos.
Desatenta, desce um ponto antes e caminha - seus pés estão calejados, doem um pouco. Seu ofício imposto pelo sistema deixa os calcanhares gastos.
Apenas chega e encontra seu bebê, seu coração inunda de alegria, seus olhos não estão mais ansiosos: agora parecem um mar calmo.
Tranquilizada pelo cheiro de sua prole, esquece da pilha de louças. Esquece que sua filha não sabe limpar direito e aceita sua ajuda sem reclamar.
Seu único desejo é estar. Ela trabalha pra manter tudo limpo para filhos e filhas - nenhum que venha de seu ventre.
Enquanto ela mantém tudo limpo, quem cuida da limpeza de seus filhos?
A saudade que aperta e une as energias mesmo com a distância física.
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Pesca significativa
O tempo da resposta foi alterado, seu corpo estava inquieto, roía as unhas com fúria.
Elena planejava encarar Arnaldo, expor seus sentimentos e assumir que não podia controlar essa situação.
- Arnaldo! Conhecemo-nos de um jeito meio tímido e sei que vou me apaixonar por você no futuro, mas sei que não vai dar certo. Eu não quero sofrer, prefiro terminar algo que nem começou para evitar constrangimento.
-Mas, Elena, o que te faz pensar que vamos caminhar sem direção?
Os animais, vegetais, minerais e mercadorias tinham um valor diferente esse dia permeados de significado, protagonismo e vida. Era um misto de valor material e imaterial. O humano não era o protagonista neste momento.
Elena lembrou o dia que foi pescar com o tio avô Mércio – ele era um daqueles velhotes que sabia tudo sobre peixes – desde quantas espinhas até a melhor receita para degustar.
Pensava:
-Tudo é nada, nada é tudo. O que será do futuro?
A tristeza que rondava seu coração nesta tarde abafada era a falta do tio Mércio – ele faleceu intoxicado por um alimento que ninguém havia decifrado – desde então Elena não comia mandioca. Alguns diziam que tio Mércio se foi por comer mandioca crua e seu estômago frágil não suportou a traição do alimento, já que seu prato predileto era ensopado de mandioca com tucunaré.
Elena resolveu pescar, seu desejo era ter a companhia de Arnaldo, mas resolveu estar a sós com sua solidão confortável. Sua cabeça era um misto de lembranças que invadiam a realidade. Sabia que a insatisfação amorosa era como um cadáver. Seu vestido estava amarrotado, ela não gostava de passar roupa. Era uma das tarefas domésticas as que mais odiava, isso, e lavar talheres.
Guardou em seu carro a vara que tio Mércio lhe havia presenteado e foi pescar em um rio próximo a um vilarejo que visitava com ele – há algum tempo Elena prezava por contornar os detalhes do céu e da água com seus olhos movimentados.
Seus olhos acompanhavam os raios de sol.
-Poderia ser enterrada hoje mesmo – refletiu Elena.
Seus dias eram enfadonhos – para o sexo nunca se entregava, fugia de Arnaldo, pensava sempre no divórcio (ela nunca havia casado, secretamente era seu maior desejo), na morte, na sua própria companhia solitária como se estivesse presa ao seu cadáver em vida.
A única coisa que faria ela se sentir viva novamente seria reencontrar o tio Mércio – não sabia o porquê, mas ele lhe mostrava caminhos plenos e sutis, talvez a paciência.
Lembrou vagamente da conversa com uma espécie de caboclo ancestral que conhecia dona Dita, uma benzedeira – ela fazia conexões entre a matéria e o mundo terreno.
No caminho da pescaria passou pela casa de dona Benedita, uma senhora humilde e benzedeira que ajudava qualquer pessoa que fosse de boa índole.
A porta de dona Dita era de madeira maciça, Elena bateu três vezes até que Dona Dita apareceu com o ar de quem já a esperava.
-Boa tarde dona Dita, será que a senhora poderia me ajudar em uma conexão extraterrena?
-Oxi minha filha, claro!
-Quero trocar algumas palavras com meu tio Mércio, que faleceu e ninguém sabe o motivo.
-Ah! Seu Mércio... ele se sentia um cadáver em vida, seu desejo de morte era tão vivo que acabou morrendo.
-Então a senhora quer me dizer que tio Mércio morreu porque queria?
- Mais ou menos isso, filha. Algumas pessoas são tão insatisfeitas que por mais vivas que estejam acabam mortas por pensamentos turvos.
- Entendo. O que posso fazer para amenizar a saudade?
- Olha, você pode fazer um ensopado de mandioca com tucunaré, cê sabe que era a especialidade do tio Mércio né?
-Sim. Obrigada dona Dita!
- De nada minha filha, vai com fé!
Elena continuou o caminho da pescaria e resolveu chamar Arnaldo para ajudar com o tucunaré. Passaram algumas horas na beira do rio até que pescaram o tão esperado peixe. Elena pensava:
-Eu preciso viver alguma coisa!
E resolveu que não queria ser um cadáver em vida, então se entregou a Arnaldo, ao ensopado de mandioca com tucunaré e deixou de pensar na morte por alguns minutos.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
Leonina
Chegou menina
sem saber que era mulher. Saia de corte reto com salto estratégico. Seus olhos
assustados esboçavam o medo do conhecimento: não sabia ao certo em qual padrão
encaixar-se. Afinal, sua aspiração leonina era ser bem aceita, não por status,
mas por gosto, vontade de não ser mais ofuscada.
Desde a infância
seu corpo foi invadido, seja por símbolos ou pelo peso da mão torpe de um homem
que supostamente deveria cuidá-la. Em sua casa era uma espécie de pai, mãe e
madrasta – todos os problemas eram resolvidos por suas mãos desde comprar o gás
até amenizar as dores das palavras árduas de seus pais. A garrafa de cachaça
presente com o hálito mesclado a estômago vazio.
Vivia contando
moedas quando não para o lanche para a máquina de xerox: a necessidade de expansão
mental a tiraria dessa tarefa condicionada, mas não escolhida.
Algumas confusões
invadiam sua cabeça: não sabia ao certo em que e em quem acreditar, mas como
hábito não parava – na sua concepção quem amortece é fracassada.
Quando notou que
era mulher seu relacionamento terminou, doava e não recebia o mesmo – sempre ofertando
seu barco a mares tempestuosos.
O curso das
horas seria modificado, não apenas pela percepção de gênero e sim através do
estudo e escrita da História – no futuro seu desejo de ser uma mulher iluminada
será tempestuoso, no entanto, concluído.
Sua beleza é
singular. Seus cabelos vermelhos sintonizam com sua cor doce de leite, presença
notável, opinião forte, aventureira. Mulher.
Renasceu. Reviveu.
Resignificou. É mestra. Mulher. Menina. Amiga. Companheira. Amor. Dor. Conflito.
Seus pensamentos
de fracasso são meros devaneios que brincam com as luzes tortuosas do acaso.
Porque é mulher
desde menina.
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
tempero de mar singular
Teu toque delicado com ar selvagem
Dosado em meus braços
A beleza do seu corpo
Labaredas
Desejo de sentir que seus olhos procuram os meus
Quase como um segredo velado no silêncio falante do teu olhar tão sério
Tão singelo
Tão profundo
Que remete o som das ondas do mar tocando as pedras.
É assim que me sinto quando você me pega de quatro, na borda da minha cama: um
mar penetrado.
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
;
talvez os dias arrastados pela monotonia coletiva tenham sentido no contorno das nuvens que beijam o céu
nas raízes das árvores que abalam estruturas sem aviso prévio
a raiz destrói o que está firmado no concreto
talvez a vida se resuma em sentir odores
despertar sabores de novas auroras
conectadas a simplicidade dos desenhos breves.
nas raízes das árvores que abalam estruturas sem aviso prévio
a raiz destrói o que está firmado no concreto
talvez a vida se resuma em sentir odores
despertar sabores de novas auroras
conectadas a simplicidade dos desenhos breves.
domingo, 30 de julho de 2017
reflexões pontuais e meio digeridas
O aço frio do metrô.
A saída com várias opções.
A linha verde.
Reencontro silencioso.
Será que em algum espaço da sua memória ele lembra daquela tarde?
Pode ser que sim, pode ser que não.
Eu me lembro. De todas as pessoas que lá estavam, inclusive suas expressões. É difícil conciliar a vida com as memórias afetivas - nesse caso o clássico ato já me é certeiro:
Uma taça estrategicamente posicionada em sua mesa cheia até a metade com o vinho encorpado.
-Qual será sua uva favorita?
Não sei. Tão pouco tenho coragem de adivinhar.
As perguntas são óbvias, ou nem tanto.
O tempo de mudança e resposta oscila - diz ele.
A memória do mundo sempre foi dominada pelo poder.
Reflexões meio óbvias pra quem estuda a memória há algum tempo.
Me interessava mesmo era pelo outro diálogo, quando escutei Benjamin, meu coração ardeu em chamas. Ainda tenho essa sensação de frio na barriga quando alguém cita meu autor favorito, é muito forte. Ele me ensinou muito sobre a memória, sobre o conceito de História.
O conforto silencioso de escutar e escrever, anotar, refletir, preencher meus neurônios com algo que faz meu coração pulsar.
(...)
"O vinho, diferente da cerveja é degustado com uma lentidão veloz."
O prazer do corpo do vinho se transforma em libertação e auto determinação.
Caminhar sem direção.
Aprender a pertencer.
Decisão clara e precisa.
Abandonar-se para vagar.
Subjetividade.
(...)
A quem ofertar as linhas?
A saída com várias opções.
A linha verde.
Reencontro silencioso.
Será que em algum espaço da sua memória ele lembra daquela tarde?
Pode ser que sim, pode ser que não.
Eu me lembro. De todas as pessoas que lá estavam, inclusive suas expressões. É difícil conciliar a vida com as memórias afetivas - nesse caso o clássico ato já me é certeiro:
Uma taça estrategicamente posicionada em sua mesa cheia até a metade com o vinho encorpado.
-Qual será sua uva favorita?
Não sei. Tão pouco tenho coragem de adivinhar.
As perguntas são óbvias, ou nem tanto.
O tempo de mudança e resposta oscila - diz ele.
A memória do mundo sempre foi dominada pelo poder.
Reflexões meio óbvias pra quem estuda a memória há algum tempo.
Me interessava mesmo era pelo outro diálogo, quando escutei Benjamin, meu coração ardeu em chamas. Ainda tenho essa sensação de frio na barriga quando alguém cita meu autor favorito, é muito forte. Ele me ensinou muito sobre a memória, sobre o conceito de História.
O conforto silencioso de escutar e escrever, anotar, refletir, preencher meus neurônios com algo que faz meu coração pulsar.
(...)
"O vinho, diferente da cerveja é degustado com uma lentidão veloz."
O prazer do corpo do vinho se transforma em libertação e auto determinação.
Caminhar sem direção.
Aprender a pertencer.
Decisão clara e precisa.
Abandonar-se para vagar.
Subjetividade.
(...)
A quem ofertar as linhas?
sexta-feira, 28 de julho de 2017
azul cor de mar
Olhos cor de mar
Que recordam o infinito
Assim como as possibilidades
Beira o abismo
Entre acreditar ou duvidar no concreto ou abstrato
De gostos peculiares e pensamento ímpar
Seu desejo de compartilhar passa pela sua sensibilidade
Do incomodo
Em achar que seus pensamentos são apenas devaneios
Engano.
Seus pensamentos são como labaredas e onde há luz
Há probabilidades.
Que recordam o infinito
Assim como as possibilidades
Beira o abismo
Entre acreditar ou duvidar no concreto ou abstrato
De gostos peculiares e pensamento ímpar
Seu desejo de compartilhar passa pela sua sensibilidade
Do incomodo
Em achar que seus pensamentos são apenas devaneios
Engano.
Seus pensamentos são como labaredas e onde há luz
Há probabilidades.
(...)
"De acordo com o professor Schianberg, não é possível determinar o momento exato em que uma pessoa se apaixona. Se fosse, ele afirma, bastaria um termômetro para comprovar sua teoria de que, nesse instante, a temperatura corporal se eleva vários graus. Uma febre, nossa única sequela divina. Schianberg diz mais: ao se apaixonar, um "homem de sangue quente" experimenta o desamparo de sentir-se vulnerável. Ele não caçou; foi caçado."
p. 15
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios.
p. 15
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
noite, maré tranquila
senti mil estilhaços
desconforto do acaso
não, não consigo confiar
entregar fora desse abismo
não preciso de ninguém pra ser quem sou
afinal, homens são meras inspirações poéticas, sujas
acasos
destruições e contra fatos
não, eu não preciso de ninguém pra me auto afirmar
pra alma andar de par em par
porque não acredito na alma gêmea
sou apenas
mais uma história daquelas aspirantes
no meu catálogo de amantes
sou mulher
menina
quando na verdade meu desejo já está firmado
estar acompanhada
apenas por mim
estou
não sou
apenas solitária
não
estou acompanhada
pelos meus desejos mais profundos
que jamais serão revelados.
desconforto do acaso
não, não consigo confiar
entregar fora desse abismo
não preciso de ninguém pra ser quem sou
afinal, homens são meras inspirações poéticas, sujas
acasos
destruições e contra fatos
não, eu não preciso de ninguém pra me auto afirmar
pra alma andar de par em par
porque não acredito na alma gêmea
sou apenas
mais uma história daquelas aspirantes
no meu catálogo de amantes
sou mulher
menina
quando na verdade meu desejo já está firmado
estar acompanhada
apenas por mim
estou
não sou
apenas solitária
não
estou acompanhada
pelos meus desejos mais profundos
que jamais serão revelados.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
é noite, maré brava
É noite em seu coração
não aquela noite singela, quieta
é noite turbulenta, desconfiada
maré brava
tenta sufocar seus desejos amortecendo seu paladar
na garrafa quase vazia
tudo porque é noite turbulenta, maré brava
coração machucado
quarto interno desorganizado
todo esculachado
é noite, maré brava
dolorosa
seu barco quase virou naquela tentativa de sobreviver
é noite, maré brava
sua memória a acusou de sempre seguir o curso natural dos mares
de ofertar tudo ou nada
é noite, maré brava
ela está sentada, a garrafa terminada e a luz reflete o vazio dos ares
é noite, maré brava
não siga de novo os barcos ocos, seu barco já foi ofertado
demasiado
é noite, maré brava
despercebida passa
com olhar de desgraça
cheia de marra
tudo porque é noite, maré brava
densa, pesada, intensa e calculada.
não aquela noite singela, quieta
é noite turbulenta, desconfiada
maré brava
tenta sufocar seus desejos amortecendo seu paladar
na garrafa quase vazia
tudo porque é noite turbulenta, maré brava
coração machucado
quarto interno desorganizado
todo esculachado
é noite, maré brava
dolorosa
seu barco quase virou naquela tentativa de sobreviver
é noite, maré brava
sua memória a acusou de sempre seguir o curso natural dos mares
de ofertar tudo ou nada
é noite, maré brava
ela está sentada, a garrafa terminada e a luz reflete o vazio dos ares
é noite, maré brava
não siga de novo os barcos ocos, seu barco já foi ofertado
demasiado
é noite, maré brava
despercebida passa
com olhar de desgraça
cheia de marra
tudo porque é noite, maré brava
densa, pesada, intensa e calculada.
terça-feira, 25 de julho de 2017
carmenere
te olhei sentado tão confortável no chão semigelado
sua comodidade em tirar o tênis enquanto eu abria a garrafa me é notável
não sei expressar vontades, sentimentos na fala, mas meu coração está em chamas.
senti ser sincero teu olhar tão sério.
seu sorriso pouco aparece
quando noto já é noite em mim
e em você
e exploramos o mistério dos cheiros
esse sentido intocável que na verdade é só aparência porque no plano detalhe é que mora a serenidade
a tranquilidade das horas que voam quando sentimos
já é madrugada aqui.
sua comodidade em tirar o tênis enquanto eu abria a garrafa me é notável
não sei expressar vontades, sentimentos na fala, mas meu coração está em chamas.
senti ser sincero teu olhar tão sério.
seu sorriso pouco aparece
quando noto já é noite em mim
e em você
e exploramos o mistério dos cheiros
esse sentido intocável que na verdade é só aparência porque no plano detalhe é que mora a serenidade
a tranquilidade das horas que voam quando sentimos
já é madrugada aqui.
sábado, 15 de julho de 2017
sol azul de inverno
pude notar o breve detalhe do acaso
daquele fio de cabelo distinto, singular tombado em minha cama tão habitual
depois de dormir um sono tranquilo e leve, daqueles solitários, mas na memória a presença de dois corpos colados
houve um tempo em que acreditei controlar meus desejos, reprimir minhas vontades
esse tempo foi descartado junto ao idealismo de transformar o acaso em peso
a ausência em fracasso
a individualidade em descaso.
o depois como algo triste não existe
apenas insiste em transformar o cotidiano de cenas carregadas de poesia, miradas e beijos
ofertados
ao esboço do presente.
daquele fio de cabelo distinto, singular tombado em minha cama tão habitual
depois de dormir um sono tranquilo e leve, daqueles solitários, mas na memória a presença de dois corpos colados
houve um tempo em que acreditei controlar meus desejos, reprimir minhas vontades
esse tempo foi descartado junto ao idealismo de transformar o acaso em peso
a ausência em fracasso
a individualidade em descaso.
o depois como algo triste não existe
apenas insiste em transformar o cotidiano de cenas carregadas de poesia, miradas e beijos
ofertados
ao esboço do presente.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
e da leveza vem o peso e o peso se faz leveza
me pareço.
sou. ou não estou.
como um jogo de palavras embaralhadas distraídas pela fumaça verde reluzente que transforma o rio na corrente em direção ao homem fumando cigarro na janela cinza.
ele não quer sentir a dor da ausência e afoga seus sentidos em um copo americano amarelado com bitucas frias.
aquele prédio distante das visões estereotipadas....
a mulher reprimida que não esboça una sonrisa
seus olhos abertos não são atenciosos e sim pretensiosos.
eles pretendem sugar sua energia e alegria alimentando-se de sua monotonia.
sou. ou não estou.
como um jogo de palavras embaralhadas distraídas pela fumaça verde reluzente que transforma o rio na corrente em direção ao homem fumando cigarro na janela cinza.
ele não quer sentir a dor da ausência e afoga seus sentidos em um copo americano amarelado com bitucas frias.
aquele prédio distante das visões estereotipadas....
a mulher reprimida que não esboça una sonrisa
seus olhos abertos não são atenciosos e sim pretensiosos.
eles pretendem sugar sua energia e alegria alimentando-se de sua monotonia.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
reflexão noturna inacabada
a história que transita o tempo, habita o espaço do movimento
dos sentidos, ouvidos e gemidos.
a memória afetiva que faz relembrar a neblina compartilhada na esquina
a gentileza ofertada no olhar de quem não consegue se expressar
a espera do ônibus, metrô, fila, escada, calçada (...)
o espaço e o tempo não tem movimento, pois a memória foi morta junto aos argumentos infundados de seres não humanos que definham, rastejam por dinheiro, corroem o mar inteiro
destroem o curso natural dos rios
transforma os desejos em apatia
a harmonia em rotina
e as plantas em monotonia.
dos sentidos, ouvidos e gemidos.
a memória afetiva que faz relembrar a neblina compartilhada na esquina
a gentileza ofertada no olhar de quem não consegue se expressar
a espera do ônibus, metrô, fila, escada, calçada (...)
o espaço e o tempo não tem movimento, pois a memória foi morta junto aos argumentos infundados de seres não humanos que definham, rastejam por dinheiro, corroem o mar inteiro
destroem o curso natural dos rios
transforma os desejos em apatia
a harmonia em rotina
e as plantas em monotonia.
domingo, 9 de julho de 2017
Uma flor para Juliana
Existem pessoas que cruzam nosso caminho sem pretensão, só para
desfazer a ideia da rotina tão batida.
Há quem a julgue pela ausência das palavras, engana-se quem
pensa assim – essa pessoa condiz seus atos com suas palavras.
De palavras árduas e realidades distintas, os caminhos se
encontram na repetição histórica: não há saída.
A diferença dessas linhas é que sim, há uma saída. Sempre há.
A saída estratégica para a liberdade onde aquela garrafa
vazia tragada pela desordem, no final do último gole, disse que sim, havia
saída.
A saída estratégica são sorrisos, momentos, a memória
afetiva que busca sentido naquela panela quentinha avisando que a comida está
pronta.
Ela não precisa de rótulos, sinais e situações óbvias: suas
mãos já conhecem o contorno da desgraça transformada em graça.
A injustiça dói mais que uma mensagem não respondida.
A hipocrisia a machuca mais que um simples não.
Isso porque ela não precisa de desculpas aparentes, pois sua
gentileza é ofertada a quem quiser captar seu olhar profundo que beira o mar.
terça-feira, 4 de julho de 2017
llamas al viento
poucos abraços são mais significativos que palavras
assim como a imagem que penetra nas retinas causando experiências sensoriais
a chispa invisível nunca se apaga, onde há fogo, há possibilidade de fumaça
paisagens montanhosas, declives esverdeados tão profundo quanto esses abraços
onde a chama da reciprocidade reacende sem obrigação aparente
e a gentileza ofertada em olhares transformam o silêncio tão confortável em nuvens de fogo e desejos de infinitas possibilidades.
assim como a imagem que penetra nas retinas causando experiências sensoriais
a chispa invisível nunca se apaga, onde há fogo, há possibilidade de fumaça
paisagens montanhosas, declives esverdeados tão profundo quanto esses abraços
onde a chama da reciprocidade reacende sem obrigação aparente
e a gentileza ofertada em olhares transformam o silêncio tão confortável em nuvens de fogo e desejos de infinitas possibilidades.
segunda-feira, 26 de junho de 2017
acelero do asfalto
O asfalto retrata a inquietude dos meus pensamentos assim como aquele outono, prelúdio do inverno. Era quinta-feira, meu dia escolhido para refletir sobre assuntos doloros - aliás, a dor sempre foi minha companheira, mas a quinta-feira parece ser demasiadamente profunda.
Estou sentada de frente pro asfalto. Alpgumas vezes sinto respirar ou seria apenas a impressão da morbidez gélida?
Meu pensamento vai a milhão, a síndrome que acelera e faz contorno com o nada.
Não sei em que momento me transformei em uma pessoa tão fraca.
Estou sentada de frente pro asfalto. Alpgumas vezes sinto respirar ou seria apenas a impressão da morbidez gélida?
Meu pensamento vai a milhão, a síndrome que acelera e faz contorno com o nada.
Não sei em que momento me transformei em uma pessoa tão fraca.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
ensaio (s) sobre a liberdade
Te vi sentada naquele bar, com ar de leveza - distante da rotina tão sofrida. Pude observar que seus olhos brilhavam com esperança e que no fundo por mais que doessem aquelas lembranças, os dias seriam gratos com as marcas em seu rosto. Seu cabelo esvoaçante quase não se movia nesse dia, seu vestido estava um pouco abarrotado e a vida parecia um fio de lã sem cor. Mesmo assim seus passos indicavam que deveria seguir o curso natural dos rios. A luz apareceu no fundo da garrafa revelando sua identidade liberdade.
sábado, 17 de junho de 2017
um poema sobre (e não de) amor
Seus cabelos ao vento retratam de forma singela o laranja-outonal
De pisadas levianas, sua presença aproxima-se de uma fresta imaginária de pólvora.
Nesse caso, o coração não é assaltado em chamas
A chama é controlada pelos olhares profundos e pretensiosos
As cores infestam os olhares desviados por uma breve chispa invisível
Os lábios se encontram, o laranja define a cena que remete a um filme filosófico
Eis a nuvem de infinitas possibilidades
Não querer se apaixonar é como não querer morrer.
De pisadas levianas, sua presença aproxima-se de uma fresta imaginária de pólvora.
Nesse caso, o coração não é assaltado em chamas
A chama é controlada pelos olhares profundos e pretensiosos
As cores infestam os olhares desviados por uma breve chispa invisível
Os lábios se encontram, o laranja define a cena que remete a um filme filosófico
Eis a nuvem de infinitas possibilidades
Não querer se apaixonar é como não querer morrer.
terça-feira, 13 de junho de 2017
multicores
O reflexo de luzes joga com a plenitude azul do céu
É dia de apreciar o vento e sentir o outono
Feixes de luzes refletem o prédio abstrato em meio ao céu corrompido por concreto
Caminho direcionado com balões de ondas sonoras dando sentido as palavras.
As árvores são grandes aliados, pois brindam sua presença sem pensar em nada.
É dia de apreciar o vento e sentir o outono
Feixes de luzes refletem o prédio abstrato em meio ao céu corrompido por concreto
Caminho direcionado com balões de ondas sonoras dando sentido as palavras.
As árvores são grandes aliados, pois brindam sua presença sem pensar em nada.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Repetição insignificante
As situações voltam como a neblina suja e embaçada no trem velho
Ele está sentado com ar de frustração. Seus dias são densos e sem sentido. Suas necessidade foram ofuscadas por suas próprias mãos. Ele se esconde através do espelho enigmático.
A madrugada colhe as luzes pra adormecer.
Eu não posso te ajudar, não posso acreditar em suposições duais, pois entre o sim e o não fico com o habitual.
Ele está sentado com ar de frustração. Seus dias são densos e sem sentido. Suas necessidade foram ofuscadas por suas próprias mãos. Ele se esconde através do espelho enigmático.
A madrugada colhe as luzes pra adormecer.
Eu não posso te ajudar, não posso acreditar em suposições duais, pois entre o sim e o não fico com o habitual.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
tentativa de não
A neblina cinza tragada pelo silêncio das nuvens em contorno com urubus
O medo que dificulta as possibilidades de encontrar dois corpos no mesmo espaço.
Não, não é nenhuma novidade. A miserabilidade afetiva e o hiato na comunicação são descartáveis.
Afinal, pra que aquecer o coração no outono vazio?
O medo que dificulta as possibilidades de encontrar dois corpos no mesmo espaço.
Não, não é nenhuma novidade. A miserabilidade afetiva e o hiato na comunicação são descartáveis.
Afinal, pra que aquecer o coração no outono vazio?
quarta-feira, 1 de março de 2017
hoje parece segunda
Há muito tempo os abraços eram
habituados ao vazio do cotidiano, como a poeira da sala era o valor do abraço.
O olhar perdido e distante somado a frieza das mãos tão usadas para outras
atividades não encontravam utilidade para diminuir a distância dos nossos
corpos. Resisti porque fui criada pra suportar, mesmo não gostando,
me obriguei a aceitar.
Aceitar o descaso e retribuir com um sorriso, aceitar o
que não gosto com uma bebida, por isso sempre traguei a desordem.
Eu amei e fui amada, mas hoje meu
sentimento de resistência foi direcionando para outro lado.
De caminhos árduos e ruas
esburacadas, corredores brancos e estradas verde esmeralda parei no tempo pra
re significar quem eu sou através de estereótipos estéticos enxerguei além da
matéria.
A gentileza me foi ofertada da mesma maneira que foi retirada, ou eu
que não soube aproveitar.
Reencontrei desejos adormecidos,
vontades suprimidas e anseios destruídos. Tudo começou por acaso, como escreve Kundera – no meu caso foram necessários oito acasos pra poder perceber.
O primeiro
acaso foi o sonho, o segundo acaso a anunciação dele, o terceiro a retribuição,
o quarto os olhares, o quinto a confirmação, o sétimo uma tarde de domingo
despretensiosa e o oitavo a linha amarela do metrô.
Dolorosa passagem assim como a má
colocação das palavras, eu sofri por acreditar que a solução dos meus problemas
estava em uma pessoa, felizmente a sinceridade foi necessária e eu só pude
entender depois.
Voltei a habitual melancolia. Aqueles
dias não me pertenciam mais, o afeto não era mais parte da casa comprida – o sono
e a insegurança ocuparam as frestas de luz preenchidas com fumaça.
Meu sono foi furtado pela obsessão.
Meu corpo invadido pela necessidade patriarcal de não perder.
Agora estou parada naquela janela
observando os dias escorrendo pela ausência do respeito.
Afinal, onze anos perdendo a
individualidade requer um caminho árduo para o reencontro.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
O transporte público pune quem é pobre
As Mercedes mais frequentes entra bastante gente
Os bancos ausentes
O cobrador? Inexistente
Pra quê cobrar se o trabalhadxr tem o bilhete excludente?
Dizem que São Paulo é a terra da velocidade
Acho que se equivocaram: é a terra da desigualdade e punição dos que não são privilegiados pelo sistema capitalista tão "estruturado"
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