Confere as horas religiosamente. A ideia que invade constantemente seus pensamentos é única: saudade de seu filho.
Notável sensibilidade em seus olhos, ar romântico de uma moça que ama sua família.
Seus dedos estão gastos. Água sanitária, desinfetante, detergente - sua vida é limpar.
Tanta limpeza a fará invisível?
Confere as horas novamente, seus olhos demonstram fadiga, mas seu olho esquerdo meio trêmulo transparece a ansiedade da jornada de trabalho que não terminou.
Ela está cansada de trocar o uniforme pela roupa gasta.
Caminha até o ponto, notável desânimo.
Dá sinal, a lotação chega. Como impulso cotidiano adentra - está cheia, alguns estão indo estudar, outros não - são infinitas possibilidades de destinos.
Desatenta, desce um ponto antes e caminha - seus pés estão calejados, doem um pouco. Seu ofício imposto pelo sistema deixa os calcanhares gastos.
Apenas chega e encontra seu bebê, seu coração inunda de alegria, seus olhos não estão mais ansiosos: agora parecem um mar calmo.
Tranquilizada pelo cheiro de sua prole, esquece da pilha de louças. Esquece que sua filha não sabe limpar direito e aceita sua ajuda sem reclamar.
Seu único desejo é estar. Ela trabalha pra manter tudo limpo para filhos e filhas - nenhum que venha de seu ventre.
Enquanto ela mantém tudo limpo, quem cuida da limpeza de seus filhos?
A saudade que aperta e une as energias mesmo com a distância física.
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