sexta-feira, 14 de junho de 2019

o detalhe é primordial
o movimento corporal
toda essa onda
esses olhos
diferentes
infinitas paisagens
mistério do imaginário
quase matemático
talvez pouco pragmático
comparado a presença em ofertar o melhor que há
compartilhar balões sonoros flutuando
nas ondas invisíveis do campo magnético
ofertar a experiência sonora
transitando emoções, revisitando memórias
conduzindo desejos e corpos a festejar
talvez navegar
e desaguar
respirar, retomar, seguir e continuar a estar

terça-feira, 4 de junho de 2019

move it

o caminho faz-se rotina
rostos não familiares, mas habituais
desesperadamente procuro um rosto familiar
exercício de deslocar-se e pensar se nesse trem alguém sabe que não sou daqui
me enganei
to no meu país
mas qual é meu país?
a pátria não será o mundo?
o mundo não é nosso corpo em movimento?

tempos difíceis

são tempos difíceis.
no silêncio mora a vontade da fala
são tempos em que todos se calam
na era da comunicação, conversar é dispensável
a janela virtual é o grito da ausência de palavras distribuída em imagem
o olhar distante é como presente, inexistente
velocidade lenta, redução veloz
e cada dia as palavras se anulam
os sentimentos são esquecidos
ou enterrados como trauma
seja da comunicação
ação

segunda-feira, 1 de abril de 2019

seu cheiro ficou
seu gosto estacionado na soma de células do lençol trocado
seus olhos firmes transmitiam o silêncio

falta de coragem pra ser inteira
de dizer conversa furada
dos incômodos cotidianos

da preguiça do despertador
da cafeteira aviando a ausência de xícaras, pessoas

seu peso ficou
não em meu corpo
no ar do infinito

seu medo de expor
brindou reflexões de mar
de navegar

de maneira corriqueia

seu óculos ficou
como imagem da sua incapacidade
de reconhecer minha vontade de aquecer seus dedos
anseios
transformar medo em  prazer

além da letra

viver partindo
mundo a parte
escondendo sentimentos
pensamentos
reconstruir
recolher
recuando a movimentos
pra sentir tudo igual
como deveria ser

aparentemente a dureza das rochas
ou mesmo a possibilidade de reinventar o caminho do ônibus

a paisagem no vidro
as cores das flores alegrando o concreto recheado de aço
rodas esfumaçadas
saltos involuntários

passos largos a caminho de notas musicais
usuais
sintonizadas a neblina
em compasso aos corações
desejando descanso

corpo desnudo ao vento
repousado em planícies, colinas

descaso ao peso do mundo
é só uma profundidade imensa de mistérios

o silêncio
molha as palavras com calma

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

lacunas

os detalhes são significativos
o cheiro quase inesquecível

meu encantamento propõe romance
talvez tenha encontrado alguém pra compartilhar o desenho dos céus
imaginar animais entre as nuvens.

as mãos são o convite para o acaso transformar os olhos em espera - mais uma queda.

mais uma vida singular a partilhar.

espero. resisto. insisto.
afinal, a lacuna não preenche a solidão depositada em outrem.

entresilêncios

não respiro
desisto
essa dor me invade como algo natural

minhas mãos trêmulas, meu corpo tenso
músculos enrijecidos

não respiro
desisto

essa sensação de sempre estar no lugar errado
o incômodo da presença
sempre a espreita da partida

não respiro
desisto
meus ouvidos conhecem aquela melodia.

habitual.

já são tantos corpos que flutuaram
tantos olhos transpassaram

então respiro, mas piro.

38º

e então qual a motivação?
se os dias são tão quentes, as nuvens distantes.
entre os prédios o ar não circula tão bem

e então qual o desejo?
se o que sinto, há medo
e então o que sinto?
o que são sentimentos?

fatos na memória.
momento congelado.

e então?
qual a próxima parada pra fugir da solidão?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Hoje me sinto encantada, porém tarada.

Queria foder com força. Gozar. Esfregar minha buceta na cara, dar uma rebolada. Transpirar. Transpassar. Foder até gritar. Perder o ar.

Gemer com os dedos na buceta, a boca nas teta. Beijar boca. Sentir gosto de rola.

Não dá. O sexo é o enfado da carne. Eu sou poeta tarada e mal amada.

Meus encontros são breve desencontros. Se achei legal, quero mais uma vez, que tal?

Ser real faz mal. Jogar é mais racional. Teorizar o tesão, o desejo de enfiar a língua na sua boca, tirar sua roupa. Janela aberta, vento na certa.

Trovão, nuvens e suor.

Fumaça, luzes e uns amassos.

Memória boa de quem usa o corpo também como guia dos desejos e anseios.
ou só o olhar de encantamento carnal.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

lets play

o elevador transita nos andares
os olhos acompanham as luzes
talvez a aproximação fosse óbvia: sua mão já se aproximou das minhas pernas.
como uma dança fluindo, o cheiro de madeira  do Oriente visita minhas narinas.

corpo quente, corpo frio
encontro de água
breve
curso natural

linhas de fronte esboçam o tempo
cores se encontram nas estampas semelhantes

contraste de formas
plantas, letras, memória.

quase um filme dos anos 90 com trilha sonora gótica
quase um encontro esquecido na metrópole.