O bairro distante demonstra a memória e cultura local representada
pelos indivíduos que lá habitam. A escola em arcos sujos pela fuligem dos
carros somada ao verde-morno compõe o cenário institucional – a velha
estrutura: o poder coercitivo e punitivo exercido pela hierarquia burocrática. O
preconceito cotidiano não incomoda a gestão, os modos, limites e respeito ao
próximo não compõem o quadro educacional daquele local. O tratamento unificado é
desprezado, a voz do oprimido torna-se opressiva, ser educador tornou-se um
fardo. Sem luz, define a palavra aluno. Aquele
garoto carregado de conceitos massificados direciona a ofensa no mais fraco possível
– não apenas pela cor de sua pele, mas pela euforia típica da adolescência. A violência
entendida como “normal” não atinge a dimensão de: Estou invadindo seu corpo. Os
alunos se esmurram, caem em si, desmaiam. A coisa está fora do controle, afinal,
o agressor tornou-se vítima. Não há imparcialidade e linearidade, o mundo se
transforma através da destruição – eles não compreender a estrutura e modelo
daquele local, tão pouco conseguem entender o sentido do “camburão” presente na
escola. A repressão presente nas entrelinhas, a seleção, a classificação, os
direitos exercidos pelos que podem mais, e os deveres isolados.
Eles não têm voz ativa, eles são vitimas do capital –
instrumento de manipulação ideológica, coisificação. A convenção social faz
mais sentido que a transformação. A superficialidade supera a ação direta – o discurso
empobrecido e carregado de violência demonstra o vácuo de poder naquela
instituição de ensino, onde a apatia escorre das paredes.
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