segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ilusão programada

O corpo resguardado do sono é desperto: a obrigação social cristã será cumprida: é o momento de velar a morte. A morte de uma pessoa que nunca conheci e nem consigo esboçar a sua expressão facial. As coroas de crisântemo – o cheiro típico da tristeza imposta pelo apego – funcionários, parentes, conhecidos e colegas participam do momento – compartilham o fim inevitável. O cortejo segue ao cemitério verde-florido, o silêncio somado a plenitude reflete o pesar de uma família. Faço um grande esforço para não olhar o caixão recoberto de terra.

O velho professor recorda com pesar o suicídio de seu filho, há oito anos – sua visão sobre a morte difere muito do cristianismo – tudo são partículas. Há muito tempo tento enxergar a morte como passagem e não participar de velórios e religiosidades. As expressões faciais de meus colegas de trabalho esboçam o apego infindável na matéria. O caminho de volta é monótono – a neblina insípida.